Trecho para demonstrar afeto
- ayraokuzono
- 3 de fev. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 7 de fev. de 2021

Sai da sessão preocupadíssima, e não com meu pai, mas com meu comprometimento. Tem sido uma longa caminhada até aqui. Cai e me ergui muitas vezes, igual bambu no vento. Entre tantas brisas que se passaram, tempestades, florimentos, me encontro em um mesmo lugar, o meu. Talvez, ser eu seja tudo o que eu sou. Isso tem me ocupado a vida toda, como quem se cava e cai, no próprio buraco. Dói escutar, sentir, viver! Mas dói mais ainda, saber que é só isso que eu fiz nos últimos tempos. Comprometimento! Não ando tendo comigo, só com a minha dor. Chega! Assim como eu estou cansada, todas e todos estão também. Não posso mais só contemplar a vida e não vive-la. Como diz Drummond: “Chegou um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração.” A partir desses versos, dos rostos das mulheres que me acompanham, da vida que passa e da incerteza do mundo, me coloco a andar. Não há mais tempo de velar, só de sentir, permanecer e continuar. Os flagelos são postos de lado, a saliva desce seca, mas meus pés se movem.
Obrigada por não terem saído de perto. Provavelmente eu cairei mais vezes, mas na hora em que cair eu sinto, penso e movo. Por hora, me compete o movimento, mesmo que pequeno, desse pequenino texto.
Comments