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Sobre amar

  • ayraokuzono
  • 17 de fev. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de mar. de 2021


Fonte: Tumblr

Vivo para pensar. Se e um dia, me fosse negado tal ato, iria recuar. Textos e mais textos lidos, acumulados, que me fazem caminhar. Quem me dera, Ingold escutar. Ele deu a dádiva da vida, fez-me "habitar". Não foi diferente com o francês. Foi paixão no primeiro olhar. Quem me lê assim, ao relatar, pensa que era romance, coisas de balançar. Foi amor, mas depois de muito penar. Eles me pegaram no pulo, relação tumultuada, binaria. Ordenaram: Ayra, pare de pensar! Cobraram ações, mesmo eu não sabendo executar. Dois pais que eu decidi adotar, já que só amar não iria bastar. Impetuosos, de gênio perturbado, me abraçaram. Até hoje, vivem comigo a dialogar. Estruturas, poder, discurso, continuam a me educar.

Também amei figuras femininas, repetindo as histórias, troncando personagens de lugar. Singular, especificamente uma, nunca vou largar. Feminista e marxista, que olhou para o meu corpo e disse: “Para, menina, não precisar chorar. Mesmo com alterações não-naturais é seu lar. Você não é passarinho, que lapida sozinho o próprio ninho”. Com ela eu quis casar. Dois anos planejando a cerimonia e sentindo um coágulo no peito. Foi só eu viajar para tudo mudar. Ela entendeu, sabia que eu não era para casar. Donna ensinou-me a rachar com beleza, feito tinta sobre tela, danificada com o passar. Teve outra, que agora, vem a superfície da memória. Foi a palha mais dourada, que nunca vou esquecer a imagem, do fogo ao se alastrar. Palavras mais duras que aço, profanava. Fez-me olhar o passado, cair e chorar. Duvidou da minha força, foi seu jeito de ensinar. Obrigada, Strathern, por ser a minha companheira na hora de aniquilar.

Já Deleuze veio depois, quando o rio acalmo. A paixão já havia passado, e eu, estava sem rumo a nadar. Me veio com o papo de uma óptica física, tentando me encantar. E não deu em outra, mais uma paixão para decorar.

Aos meus queridos, entre os versos rígidos e íntimos, obrigando-me a demonstrar. Se o corpo pudesse falar, nem todas suas obras seriam suficientes para acompanhar. Obrigada, meus amados e amadas, por me fazerem apaixonar. Há espaço suficiente para amar e odiar. “A tanta sensibilidade estéril. O mundo carece mais de ódio” no múltiplo sentido do falar. Vocês são guias, tradutores de como se esboçar.

 
 
 

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